Pantanal
O Pantanal é uma região enorme, em área corresponde a duas vezes e meia Portugal. Tem duas portas de entrada: Cuiabá a norte e Campo Grande a sul. Escolhemos esta última. Fomos levados da civilização por cerca de 500 km para o interior do mato.
Aí o Bosco esperava-nos, ia ser o nosso guia nos dias seguintes. Era um pantaneiro típico, nascido e criado na região, estava na casa dos 40 anos, nunca usava sapatos mas jamais largava a sua catana e o afiador. Tinha sido vaqueiro de cavalo, laço e irrás até pouco tempo atrás.
O acampamento também era castiço: obviamente sem electricidade, o nosso chuveiro era o rio, a nossa cama redes. Achei-o encantador. Isto se me esquecer dos mosquitos que me comeram vivo. Clássico era a estrutura da comunidade: os homens tratavam dos cavalos e outras coisas (mas raramente os vi trabalhar) e havia a cozinheira e as duas filhas que tratavam da comida. Quando estava pronta na mesa tocavam o sino e lá íamos nós a correr.
O dia a dia era simples. Era impossível dormir depois das 5 com o barulho dos pássaros. Tal como era impossível dormir cedo com o barulho dos insectos. (vou afastar o pensamento dos gafanhotos gigantes que tirei da rede). Também aqui gravei sons incríveis. E mais uma vez descobri o melhor lugar do mundo para ver estrelas…
Os rios eram engraçados. Completamente escuros e com carácter, eram o ponto de encontro da malta toda: nós, plantas, jacarés, lontras e piranhas. Ainda enchemos a barriga com piranhas, era só pôr carne no anzol que os dentes vinham logo a bater. Atravessar rios a cavalo é emocionante, mas quando o teu cavalo tem água pelo pescoço e sabes lá o que poderá estar junto aos cascos, não é agradável olhar para cima e em vez de ver Deus ver urubus.
1 Comments:
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