terça-feira, maio 09, 2006

Pantanal

Experiência única na minha vida, no que toca a envolver-me com a natureza. Ainda estou deslumbrado.
O Pantanal é uma região enorme, em área corresponde a duas vezes e meia Portugal. Tem duas portas de entrada: Cuiabá a norte e Campo Grande a sul. Escolhemos esta última. Fomos levados da civilização por cerca de 500 km para o interior do mato.
Aí o Bosco esperava-nos, ia ser o nosso guia nos dias seguintes. Era um pantaneiro típico, nascido e criado na região, estava na casa dos 40 anos, nunca usava sapatos mas jamais largava a sua catana e o afiador. Tinha sido vaqueiro de cavalo, laço e irrás até pouco tempo atrás.

O acampamento também era castiço: obviamente sem electricidade, o nosso chuveiro era o rio, a nossa cama redes. Achei-o encantador. Isto se me esquecer dos mosquitos que me comeram vivo. Clássico era a estrutura da comunidade: os homens tratavam dos cavalos e outras coisas (mas raramente os vi trabalhar) e havia a cozinheira e as duas filhas que tratavam da comida. Quando estava pronta na mesa tocavam o sino e lá íamos nós a correr.

O dia a dia era simples. Era impossível dormir depois das 5 com o barulho dos pássaros. Tal como era impossível dormir cedo com o barulho dos insectos. (vou afastar o pensamento dos gafanhotos gigantes que tirei da rede). Também aqui gravei sons incríveis. E mais uma vez descobri o melhor lugar do mundo para ver estrelas…

Depois era andar pelo mato dentro, descalços, procurando bicharada. Jacarés bem pertinho, tatus bem escondidinhos, capivaras (é o maior roedor do mundo, o que de outro ponto de vista pode ser encarado como um primo do rato maior que um cão), o gado sempre livre, aves que nem sei o nome, eram milhares e bonitas, mas lembro-me tão bem dos bicos dos tucanos e das araras-azuis que pareciam que saíram de um balde de tinta (você que é feito de azul, eu quero morar nesse azul),…


Os rios eram engraçados. Completamente escuros e com carácter, eram o ponto de encontro da malta toda: nós, plantas, jacarés, lontras e piranhas. Ainda enchemos a barriga com piranhas, era só pôr carne no anzol que os dentes vinham logo a bater. Atravessar rios a cavalo é emocionante, mas quando o teu cavalo tem água pelo pescoço e sabes lá o que poderá estar junto aos cascos, não é agradável olhar para cima e em vez de ver Deus ver urubus.
Aconteceu estar no meio do mato e de repente tudo mexe, folhas fazem muito barulho, arbustos tentam dizer coisas mas não entendo nada, o Bosco com a catana apontada grita todo o mundo em cima da árvore, subo desconfiado, adrenalina no topo dos ramos, e só mais tarde me é dito que alguém irritado por ter dez cabeças de gado mortas perseguia o jaguar que passou ao nosso lado!



1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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6:20 da manhã  

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