segunda-feira, março 20, 2006

Salvador da Bahia › 6 Mar

“quando penso na Bahia, nem sei que dor que me dá...”

Finalmente aconteceu Brasil! Encontrei em Salvador traços bem fundos do que imaginava para este país. Aqui apaixonei-me pelos cabelos, pelo tom de pele, pelo que faz lembrar África. Que é tudo por onde quer que olhe.
É uma cidade linda, vestígios de Portugal em cada edifício colonial, em cada calçada de pedra, em cada igreja construída com pedra trazida de Lisboa (doidos desde sempre!). Visitar o museu Afro-Brasileiro em Salvador fez sentido. Adorei as peças etnográficas intituladas “Travesti Cosmológico” e “Fase Menstruada da Lua”!

Mas esse Salvador esgota-se em 2 dias. O que nos fez adiar a partida dia após dia foi o ritmo da gente – como eles dançam, como eles tocam, a banda sonora alternava entre Forró e Samba-Reggae;
foi o cheiro – aqui a fruta cheira mais (mal uma jaca é aberta ao fundo no fundo da rua eu logo salivo), tudo cheira mais, a gente cheira mais...;
foi o estilo bahiano – tanta calma que quase dá stress;
foi o sotaque – engraçado como o reconheço das novelas da infância, “óh gente, vixe maria”;
foi tanta coisa!

Na foto deste cartão postal está em primeiro plano uma pobreza incrível. Por todo o lado moleques de rua aos tropeções pela calçada, sem outra solução que não seja pedir e intrujar. Abstrações de gente. Não têm rigorosamente nada. Casa? O meu sonho é morar numa favela! Quando têm sono é na parede mais próxima que se encostam e caiem etendidos na rua, seja dia ou seja noite, pois desmaiar não escolhe hora. O que lhes vai parar momentaneamente à mão (reais, comida, roupa) é trocado por crack ou cola. Assistimos a tudo isso.
Agoniante ir dizendo não a cada cara em cada passo e não poder ajudar (é difícil fazer alguma coisa com significado prontamente mas acredito que cada um pode ajudar pela escolha que faz para a sua própria vida).
O som da violência está omnipresente. Tensão constante, nem pensar em dar mole. Da única vez que fomos a pé para o hotel à noite, o sangue fervilhava mas às miradas dos nómadas os nossos olhos tinham que devolver um ar duro e conterrâneo.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Oi Ricardo
Olhei seu blog e como ja havia dito ,repito aqui, que o mundo 'e lindo,mas como o Brasil nao ha nada igual...
bjs pra vc

Paty (Sao Paulo)
pmonteiro@cwt.com.br

1:41 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home