terça-feira, abril 18, 2006

Cipolletti › 31 Mar

Uma vez na Argentina nao podia deixar de visitar casa nova da minha amiga Tânia e do Gonzalo. Fica em Cipolletti, perto de Neuquén mas já na província de Rio Negro, bem no meio da Argentina. Quando refeitos da excitação do encontro, saciados com a melhor carne gaucha, acompanhados de um divinal Malbec, propusemo-nos a atravessar a Patagónia até à Cordilheira dos Andes.

Carro atestado com os bens fundamentais, maté e CDs, 1000 km esperávam-nos. Era sabido que nos esperariam também vários obstáculos ao longo da estrada, mas com os buraquitos!, bois, emas!, podíamos nós bem. Contra os piquetes de greve, força reindivicativa muito usada no sul argentino, só nos restava esperar. Menos de 1 hora de negociacoes, lá conseguimos contornar a estrada barricada de fogo e pessoas fogosas.

A Argentina é um país gigante. Consequentemente oferece uma enorme diversidade de clima e paisagens.
Atravessar a meseta foi o primeiro passo. Deserto, vazio (convém abastecer de combústivel), pouca vegetacão, com a banda sonora certa, era só sentir a forca do nada. Tremenda. Quando caiu a noite não dizia nada, congelado a sentir. Concordo contigo Tânia, na sensacao única de verticalidade que a meseta transmite. Quanto a mim vem em primeiro lugar da inexistência de coordenadas horizontais, nada à esquerda, nada à direita. Sem árvores nem montanhas, a falta de referências também elimina a coordenada vertical. Só que os milhões de estrelas confundem tudo, puxando-te para cima.Descoordenado, elas estavam mesmo ali. Por diversas vezes estendi a mão para lhes tocar. Posso estar errado, mas pelo menois uma vez fiquei bem perto. Quando bem ao fundo despontou uma tempestade eléctrica fiquei mais próximo da realidade.

Passámos ao lado de Barriloche sem parar, pois o Gonzalo conhecia umas cabanas para pernoitar, lá no meio de um lago.Confiei, pois na noite cerrada não via nada, somente ouvia os animais noturnos. Ao acordar foi um baque, da janela do quarto via o lago imenso, mais a vegetação repentina e as montanhas com neve no cume. Bárbaro!O Gonza levou-nos por camionhos de uma beleza natural incrível, sempre rodeados de lagos espelhados em vales glaciares. Gosto é de fotografar gente, mas a Patagónia dá vontade.

Numa paragem, um argentino segredou-nos um caminito que ia dar a uma zona de condores. Fomos. Demos de cara com de uma rocha massiça, cerca de 50 metros imponentes, cheia de pequenas grutinhas rugosas escavadas numa formação geológica do mais estranho que vi. Em algumas dessas cavidades vislumbrámos com a teleobjectiva dejectos brancos, assim como que fresquinhos. Não os provei, mas o experiente Gonza declarou tratar-se sem dúvida de merda de condor. Fizémos uma espera, queríamos vê-lo em seus aposentos. Alguns mates depois, apareceram graciosos nos ares, com a luz doirada de final de tarde a moldar-lhes as asas, magestosos. Nunca chegaram a pousar. Fomos embora.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Parou de escrever? Ou vocês estão se revezando na escrita?
No segundo semestre vou passar por onde vocês passaram e preciso dos seus olhos para me decidir onde ir e onde me demorar.
Fui...

5:54 da tarde  

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